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Mostrando postagens de 2014

Cânticos Matutinos

1        Todas as manhãs acordo eu em um salto, dançando logo cedo, sentindo a leveza de meu corpo. Onde escondeu-se o peso que eu carregara por tanto tanto tempo comigo, o peso da tristeza que não sei de onde provém, menos ainda para onde vai ao esconder a face quando meu pensamento se volta para coisas serenas? Tantas são as maravilhas! Quão belo é sentir-se satisfeita por ter acordado; essa satisfação sobe até as nuvens e as ultrapassa. Se chove, dançarei, então, na chuva, e não me importo se por acaso o Sol quis se esconder.  Meu coração se exalta, e de noite vai até as estrelas de onde surge, com certeza, o brilho encantador de meu olhar predileto, e me lembro de meu Anjo, aquele que tanto me guarda apenas com o sentir de sua alma. Já o meu, alegre está, cada batida é por aquele que o mesmo deseja, a quem escolheu. A cada porção de ar que sobe minhas narinas faz-me saber que isso não muda, cada suspiro é um "eu te amo", e por isso me regozijo em respirar.  Ando pela

Vaidade vívida embaixo do sol

'Vaidade de vaidades, vaidade de vaidades, e tudo é vaidade. ' Acaso poderei ter algum proveito dos meus dias vívidos embaixo de sol? Tudo passa, tudo passa. Vai geração, vem geração, e algo muda? Pela manhã, saímos para trabalhar, nos fatigamos com o suor de nossas faces a cada instante, alguns de nós sequer param suas obrigações para alimentar-se, esquecem-se de que, acima de sobreviver, precisam viver. O sol acorda de manhã bem cedo, levanta-se, e pela tarde ele se deita novamente; assim és, dia após dia, e nasce de novo, quando alguns de nós dizem: 'nasce um novo dia', acaso existe algo novo ? O vento vai para o sul, faz seu giro para o norte; volve-se e revolve-se em sua carreira, retorna aos seus circuitos. Nada muda. Todo rio vai para o mar, mas o mar não se enche, ao lugar para onde todos os dias, correm os rios, para lá volvem eles, cada dia novamente, e o mar não enche, os rios não se secam. Todas as coisas são fatigantes, e tudo está sempre ligado á círc

O início da últimas poesias

2014, 29 de Abril, Curitiba - Paraná  Eu vim por todo esse tempo acreditando em coisas que parecem estar tão longes daqui, demasiado distantes de mim.  Todo esse tempo neguei as verdades mais óbvias, neguei o único sentimento que poderia fazer surgir em mim alguma esperança. Hoje eu o aceito, porque bem sei que é isso o que me mantém viva, no entanto, ainda estou ferida, e dentro de mim algo berra, dizendo que jamais serei restaurada. Mas sei que não é verdade. Eu matei, e com minha própria espada, fui morta. Destruí com palavras, tentando lançá-las contra qualquer um que ameaçasse sequer olhar para minha face, e assim as atirei em um espelho, quando olhei dentro de meus próprios olhos com a cólera que sentia de tudo e de todos. Mas aquelas palavras, ásperas demais até para a pessoa que vos fala, estilhaçou minha imagem, e o impacto causado as fez volver bruscamente em minha direção. Aquelas frias palavras quebraram o vidro, e não mais pude ver-me a face. Eu me olhava em poças d

O Espelho Lírico

2014, 1 de Janeiro, Santo André, São Paulo Não me recordo de ter presenciado a chegada da noite do dia 31, apenas estava sentada em frente ao meu computador, tentando ter prazer ao jantar. Não, eu não estava contente com a virada do ano, afinal já passava da meia noite, e me era ainda possível escutar o estrondo dos fogos de artifício, enquanto alguns comemoravam gritando com os amigos em um bar qualquer, outros estavam abraçando-se e desejando coisas vazias, como "muita paz e saúde"...  Alguns minutos antes, estava na festa com meus familiares, comendo e bebendo feito loucos, rindo como se o mundo fosse acabar. Eu ri, fiz brincadeiras sem a menor graça, e escandalosamente fingi muitas emoções que deveria estar sentindo. Mas, no fundo, me senti vazia.  Para que serve tudo isso ? Amanhã ninguém vai lembrar do momento de confraternização, todos vão brigar com a própria família logo, e tantos sofrem e ainda vão sofrer com o fim de ano. Assim como eu, muitos sangram por g