Minha Estrela

Fazia já um certo tempo que eu não escrevia nem desenhava nada, e isso me destrói. Não ter um lugar para onde escapar é realmente uma tortura, mas nesse último capítulo do livro de 2013 eu tenho estado na vida real, focada na escola e na vida espiritual. Estaria contando uma enorme mentira se eu falasse que isso me faz bem.

Não consigo enxergar a minha estrela. Depois de pacientemente ter esperado por alguma solução cabível a minha vida, percebi que estou desaparecendo lentamente. Onde está minha essência ?

Tudo isso aconteceu depois que quebrei a minha devoção matinal, e minha respiração parece estar sendo fragmentada em muitas partes que flutuam sozinhas pelo ar. 

E eu estou sozinha.

Sozinha, não. Eu estou com todos os meus sentimentos me rodeando, tão longe, e mesmo assim me perturbam. É estranho tentar seguir em frente sem ter um objetivo, e enquanto eu fico imobilizada no meu silêncio noturno, quero apenas desistir. 

E eu estou sozinha.

Eu e tudo pelo que sempre lutei e vivi, o maior fracasso de todos, sinto como se nada valesse a pena, agora.

Cada um encontre a sua própria saída, certo ?

Tudo pelo que eu sempre vivi, e tudo pelo que eu estou vivendo... Vale a pena ?

Será que eu, apenas eu mesma, posso mudar o mundo terrível onde vivo ?

Eu fiquei tardes olhando pela janela do meu quarto, vendo as pessoas passarem pela rua, e eu não consigo lembrar quando a noite começou. Estou separada da realidade na qual era um verdadeiro sonho para eu viver, me imponho sobre a vida real, tentando me entender.

Depois de tudo o que já vi e vivi, tento juntar cada peça, mas elas ficam voando ao redor da minha mente.

Como sempre, tentando encontrar palavras de consolo para mim mesma, palavras que pudessem me fazer sentir melhor. Se eu talvez soubesse apenas como me separar disso tudo, sem desaparecer para esse mundo, ou pudesse me separar do resto todo sem apagar a luz da minha estrela.

Tudo aquilo pelo que estou vivendo, e tudo pelo que estou morrendo, nada disso pode me impedir de ficar sozinha a noite. Por isso não vale a pena.

Tudo o que eu queria, e tudo o que eu quero, nada disso me pertence. Mas meus espíritos estão me vencendo em meu próprio jogo.

                                                             ***

Sempre acreditei que meus sonhos já estivessem sacrificados, quando me apareceu um raio de luz. Realmente uma pena eu ter descoberto que essa luz era falsa, e ainda que fosse verdadeira, ela estava tão longe de mim. Sentia que conseguiria jamais alcançá-la. Mas o espírito daquela luz falou diretamente a mim, e me deu falsas esperanças. Disse que um dia a minha luz se uniria a sua, e seríamos a mesma estrela. 

Eu acreditei.

A luz apagou, levando consigo as minhas energias, deixando minha estrela escura, muito mais do que antigamente.

Hoje, olho para aquele feixe de luz que um dia tanto acreditei, e vejo que a luz engana pequenas estrelinhas ignorantes como eu, e minha vontade é avisar a elas do quão vão sofrer no futuro.

O agora é o ontem, hoje e também o amanhã.

E eu estou sozinha agora.

Eu peguei minhas dores mais obscuras e tentei mexer com elas, transformá-las em coisas bonitas. Deu certo, claro. Como se eu estivesse cantando uma canção de ninar, amoleci os mais duros corações, de homens grandes e durões, de mulheres venenosas e más, e todos olharam para mim ao mesmo tempo. Minhas dores foram tomadas por aqueles que me viram, e todos choraram . Exceto eu.

Chorar não me parece ser conveniente, eu sempre quero ser a forte consoladora, e mostrar que eu estou maravilhosamente bem quando não é verdade. 

Rio feito louca de minhas próprias piadas sem graça, e estou o tempo todo enxugando lágrimas. Quanto a mim ? Minha lágrimas ninguém enxuga, pois ninguém as vê.

Como uma razão pelo que eu brinco com meus próprios sentimentos, achando que nada vai me ferir jamais. Nessa brincadeira suicida eu me machuco mais do que luto,  sempre caio nas horas erradas. Nunca levanto por mim mesma, mas sempre que vejo outro alguém ferido, tiro forças de mim mesma que nem existem, e ajudo a se levantarem os que foram pisados. Dou minha luz a esses oprimidos, sem nem querer saber quem são os opressores. Fico sem luz.

Isso tudo, naquela madrugada, fez-me compreender as lições. Então, eu encontrarei a minha estrela, que esteve perdida entre outras milhares nesse céu escuro. Não quero perdê-la novamente, para mim é importante ter minha luz própria, brilhando em meu rosto, mesmo que eu sorria para assustar os espíritos que me seguem, me observam a todo tempo...Me atormentam, e me derrubam.

Olhei novamente o céu negro da noite, e tudo em silêncio me foi sussurrado, que atrás das nuvens haveriam outras luzes brilhando bem de leve. Deus me disse que estas valiam a pena, e que estas eu deveria tentar alcançar. Olhei para o outro lado, e lá estava, brilhando com uma luz fosca, a minha estrela.